A qualidade das águas é fator determinante para o movimento do turismo no litoral brasileiro. Com a intenção de auxiliar o segmento náutico e pesqueiro na compreensão de como exercer seu papel econômico sem custos à qualidade do meio ambiente, a Associação Sócioambientalista Somos Ubatuba (ASSU) deu início em agosto de 2010 ao Projeto Marinas do Rio ao Mar. Este Projeto, fomentado pelo FEHIDRO (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), é a parte educacional do Projeto Marinas, coordenado pela Agência Ambiental de Ubatuba – CETESB desde 2005 e tem como seus objetivos a produção, sistematização e divulgação de conhecimentos sobre os vários tipos de poluentes associados a estas atividades.
Os educadores ambientais que trabalham no Projeto acreditam que uma das ações mais efetivas para a transformação do quadro de degradação ambiental é integrar o público alvo a sua bacia hidrográfica, sensibilizando-o acerca das relações entre homem-natureza. Deste modo, os participantes das atividades do Projeto poderão atuar como sujeitos replicadores e multiplicadores das informações sobre conservação ambiental e desenvolvimento sustentável. Para isto, a equipe do Projeto realizou oficinas de consolidação de BPMs (Boas Práticas de Manutenção) de embarcações e palestras sobre os impactos ambientais das atividades náuticas para proprietários e funcionários que atuam neste setor - marinas, iates clubes, garagens, mecânicas instaladas nas quatro cidades do litoral norte paulista. Atualmente, o Projeto está promovendo gincanas eco-cooperativas nas escolas públicas e em comunidades localizadas no entorno destas instalações náuticas.
Reuniões semanais
Além destas ações, a equipe de educadores do Projeto coordena desde agosto de 2010 reuniões semanais com os trabalhadores da pesca da Ilha dos Pescadores de Ubatuba, onde se discutem os problemas sócioambientais desta comunidade. As atividades desenvolvidas nestes encontros abordam a questão ambiental, além de conduzir a comunidade à discussão e ao diálogo a respeito das condições da vida local e o papel destes indivíduos diante dessas condições. Com esta idéia, os diálogos destas reuniões têm como princípio a construção do pensamento crítico e seu uso na problematização da realidade dos atores sociais envolvidos e sua participação como cidadãos ativos diante dessas questões na busca por propostas e caminhos para resolver os problemas sócioambientais identificados.
“De um modo geral, a comunidade escolhida para a realização do Projeto vem enfrentando algumas dificuldades em relação à valorização cultural e profissional, características que promovem passividade quanto às reivindicações perante o poder público. Por esta razão, trabalhamos com a intenção de compartilhar experiências vivenciadas, a fim de dar ímpeto à organização, mobilização e empreendedorismo; características preponderantes para que os pescadores sejam protagonistas ativos nos projetos que eles mesmos devem elaborar na última etapa do Marinas do Rio ao Mar”, afirma a responsável por estas reuniões com a comunidade pesqueira, a bióloga e educadora ambiental, Camila Oliveira. A população é convidada a refletir e desenvolver sobre critérios, tais como - representatividade, interdisciplinaridade, competência, coletividade, organização e valores.
Segunda etapa
No decorrer destas reuniões, o empreendedorismo, a gestão da Ilha dos Pescadores e suas questões fundiárias, os benefícios para categoria (pescador profissional), a cultura e a legislação ambiental foram os temas de maior interesse a comunidade da pesca. Assim, em abril de 2011 foi iniciada a segunda etapa do Projeto com a comunidade pesqueira da Ilha dos pescadores que oferecerá, entre outras ações, palestras de profissionais ligados a estas as áreas de interesse dos atores sociais envolvidos. Espera-se que o esclarecimento sobre estes temas dê subsídios aos pescadores e auxiliem a identificação das ações prioritárias na elaboração dos projetos.
Alguns resultados já foram alcançados pelos educadores: 40 indivíduos mobilizados e sensibilizados diretamente, três mutirões de limpeza do píer, duas festas planejadas e organizadas pela comunidade, plano de ação para solucionar o problema do descarte de resíduos de camarão e execução deste procedimento, comunidade mobilizada para segregação de resíduos domésticos, oficinas de garrafa Pet para construção de móveis e mais de 240 profissionais capacitados sobre as Boas Práticas de Manutenção.
Lixo do mar
O problema em relação ao lixo do mar também foi pauta nas reuniões. Os pescadores revelaram ter consciência do papel deles em relação a esse tipo de resíduo. Atuando como “garis do mar”, eles sempre trouxeram das águas o lixo coletado pelas redes de arrasto, mas o deixaram de fazer devido à falta de coleta, já que é um lixo diferenciado devido ao crescimento de alguns organismos que permanecem incrustados nos objetos recolhidos e, portanto o acúmulo desse resíduo atrai animais como os urubus e até ratos. Com estas informações, a equipe do Projeto conseguiu que este lixo trazido do mar seja recolhido pela Prefeitura do Município de Ubatuba. E embora não seja possível mensurar o número de embarcações que realizam a coleta e a quantidade em kg que está sendo recolhida diariamente, a comunidade pesqueira já pode sentir os resultados de sua participação ativa nas questões de interesse comunitário.
Horário e local das BPMs para os funcionários do setor pesqueiro já estão definidos
Além destas reuniões com a comunidade pesqueira, uma das ações do Projeto é promover as oficinas de Boas Práticas de Manutenção para barcos de pesca. “Estas oficinas são inéditas no país e visam dar orientações ambientalmente adequadas sobre manutenção/limpeza destas embarcações aos trabalhadores. A participação deles é imprescindível para a preservação do ambiente costeiro”, comenta a coordenadora geral do Projeto, a bióloga Agatha de Moraes Lopes. Nestas oficinas também serão divulgados os resultados sobre a qualidade das águas de rios e praias do Litoral Norte. Todos os interessados podem participar gratuitamente e terão direito ao certificado. Mais informações pelo e-mail contatomarinas@yahoo.com.br e pelo site www.assu.org.br .
Segue abaixo a agenda das oficinas:
14/06 - Tabatinga - Centro Comunitário - 14:00
20/06 - Praia de São Francisco - Sala Batuira - 14:00
27/06 - Boiçucanga- Praça do Pôr do Sol - 14:00
28/06 - Ilhabela - Colônia de Pesca - 14:00
04/07- Boiçucanga - Praça do Pôr do Sol - 14:00
05/07 - Ilhabela - Colônia de Pesca - 14:00
(Fonte: Assessoria de Imprensa do Projeto Marinas do Rio ao Mar)
Contato:
Lorena Vita
Assessora de Imprensa do Projeto Marinas do Rio ao Mar
Tels. (12) 91020397/ (12) 38332425
www.assu.org.br. Tel.(12) 38332192
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